Não são apenas os fabricantes de autopeças da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) que estão sofrendo com a retração do setor automotivo. No Sul de Minas, empresas e fornecedores de pecas e componentes para automóveis e caminhões também passam por dificuldades e já não conseguem segurar as demissões. Em Poços de Caldas, Itajubá e Pouso Alegre, importantes cidades-polo da região, por exemplo, pelo menos 680 trabalhadores foram demitidos desde o começo deste ano.
Em Poços de Caldas, alem dos fornecedores da cadeia automotiva, especializados em manutenção mecânica, montagem e lanternas para veículos, empresas que atendem outros segmentos da industria da transformação, como os fabricantes de equipamentos e componentes para o setor de óleo e gás, também estão dispensando.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Poços de Caldas e Região, Ademir Angelino, do começo de 2015 para cá, cerca de 500 trabalhadores foram demitidos na área de abrangência da entidade. E para evitar mais demissões, o sindicato local esta negociando a suspensão de contratos de trabalho.
Em suma, a empresa "demite" o funcionário, que se beneficia do seguro-desemprego. E depois, quando o beneficio trabalhista esta quase terminando, o profissional e recontratado. "Estamos fazendo isso porque temos esperança de que as coisas vão melhorar daqui a alguns meses. Mas se a situação não melhorar, as demissões irão aumentar", alertou Angelino. Ainda segundo ele, a Alcoa Alumínio e uma das empresas locais que já dispensou pessoal.
Pouso Alegre - Em Pouso Alegre, só a Flamma Automotiva (antiga Automotiva Usiminas), fabricante de cabines de caminhão, demitiu aproximadamente 180 trabalhadores do começo deste ano ate agora, segundo o presidente do Sindicado dos Metalúrgicos de Pouso Alegre e Região, Francisco Pereira dos Santos Filho.
Porem, as demissões não se restringem apenas a Flamma Automotiva. A Delphi Automotive System do Brasil, especializada na produção de chicotes elétricos para automóveis, também reduziu o quadro de pessoal. "Não ha demanda suficiente para manter a produção e muito menos o efetivo", lamentou o sindicalista.
Conforme Santos, o sindicato regional tentou negociar varias medidas com as empresas, como ferias coletivas, lay off (suspensão temporária de contratos de trabalho) e demissões voluntarias, e hoje tenta a redução da jornada de trabalho, sem diminuição dos salários. "Estamos tentando vários mecanismos, mas não esta fácil segurar os empregos", pontuou Santos.
Em Itajubá a situação não e diferente. Apesar de o numero de dispensas ainda não configurar um quadro de "demissão em massa", o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Itajubá, Paraisopolis e Região, Jose Carlos dos Santos, afirmou que "a tendência e piorar". "Estamos preocupados com o clima nas empresas. O Brasil esta parado", disse.
Alem disso, a Helicópteros do Brasil (Helibras) lançou, no inicio de 2015, um programa de demissão voluntaria (PDV), pelo qual 40 funcionários foram dispensados. E a empresa não deu garantias de que não haverá demissões fora do programa. Desde o ano passado, a Helibras vem sofrendo com o plano de contingenciamento de verbas do governo federal, com a redução das compras de equipamentos para as Forcas Armadas. E algumas demissões na empresa, inclusive, já teriam acontecido por causa disso.
Diante deste cenário, Santos explicou que o sindicato esta defendendo a redução da jornada de trabalho sem diminuição de salários, o que seria uma forma de adequar a produção a demanda e a situação atual, sem perder postos de trabalho. "Se o desemprego aumentar, a crise vai piorar", avisou.