segunda-feira, 18 de maio de 2015

Onda de demissões no setor automotivo chega ao Sul de Minas


Não são apenas os fabricantes de autopeças da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) que estão sofrendo com a retração do setor automotivo. No Sul de Minas, empresas e fornecedores de pecas e componentes para automóveis e caminhões também passam por dificuldades e já não conseguem segurar as demissões. Em Poços de Caldas, Itajubá e Pouso Alegre, importantes cidades-polo da região, por exemplo, pelo menos 680 trabalhadores foram demitidos desde o começo deste ano. 

Em Poços de Caldas, alem dos fornecedores da cadeia automotiva, especializados em manutenção mecânica, montagem e lanternas para veículos, empresas que atendem outros segmentos da industria da transformação, como os fabricantes de equipamentos e componentes para o setor de óleo e gás, também estão dispensando. 

De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Poços de Caldas e Região, Ademir Angelino, do começo de 2015 para cá, cerca de 500 trabalhadores foram demitidos na área de abrangência da entidade. E para evitar mais demissões, o sindicato local esta negociando a suspensão de contratos de trabalho. 

Em suma, a empresa "demite" o funcionário, que se beneficia do seguro-desemprego. E depois, quando o beneficio trabalhista esta quase terminando, o profissional e recontratado. "Estamos fazendo isso porque temos esperança de que as coisas vão melhorar daqui a alguns meses. Mas se a situação não melhorar, as demissões irão aumentar", alertou Angelino. Ainda segundo ele, a Alcoa Alumínio e uma das empresas locais que já dispensou pessoal.

Pouso Alegre - Em Pouso Alegre, só a Flamma Automotiva (antiga Automotiva Usiminas), fabricante de cabines de caminhão, demitiu aproximadamente 180 trabalhadores do começo deste ano ate agora, segundo o presidente do Sindicado dos Metalúrgicos de Pouso Alegre e Região, Francisco Pereira dos Santos Filho. 

Porem, as demissões não se restringem apenas a Flamma Automotiva. A Delphi Automotive System do Brasil, especializada na produção de chicotes elétricos para automóveis, também reduziu o quadro de pessoal. "Não ha demanda suficiente para manter a produção e muito menos o efetivo", lamentou o sindicalista. 

Conforme Santos, o sindicato regional tentou negociar varias medidas com as empresas, como ferias coletivas, lay off (suspensão temporária de contratos de trabalho) e demissões voluntarias, e hoje tenta a redução da jornada de trabalho, sem diminuição dos salários. "Estamos tentando vários mecanismos, mas não esta fácil segurar os empregos", pontuou Santos. 

Em Itajubá a situação não e diferente. Apesar de o numero de dispensas ainda não configurar um quadro de "demissão em massa", o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Itajubá, Paraisopolis e Região, Jose Carlos dos Santos, afirmou que "a tendência e piorar". "Estamos preocupados com o clima nas empresas. O Brasil esta parado", disse. 

Alem disso, a Helicópteros do Brasil (Helibras) lançou, no inicio de 2015, um programa de demissão voluntaria (PDV), pelo qual 40 funcionários foram dispensados. E a empresa não deu garantias de que não haverá demissões fora do programa. Desde o ano passado, a Helibras vem sofrendo com o plano de contingenciamento de verbas do governo federal, com a redução das compras de equipamentos para as Forcas Armadas. E algumas demissões na empresa, inclusive, já teriam acontecido por causa disso. 

Diante deste cenário, Santos explicou que o sindicato esta defendendo a redução da jornada de trabalho sem diminuição de salários, o que seria uma forma de adequar a produção a demanda e a situação atual, sem perder postos de trabalho. "Se o desemprego aumentar, a crise vai piorar", avisou.