Decisão já esperada, a Volkswagen
acaba de anunciar a produção no México da sétima geração do Golf,
automóvel mais vendido na Europa e, somada sua configuração sedã Jetta, a
família de modelos de maior venda no mundo, à frente das famílias
Corolla e Focus. Está prevista sua importação ao Brasil a partir de
2014. Este é mais um sinal da baixa competitividade de produção no
Brasil, pois aqui o Golf estacionou na quarta geração. Porém, o México
se fortaleceu por vários motivos. Além da moeda desvalorizada e baixos
custos trabalhistas e de fabricação, tem a vantagem de se situar na zona
de livre comércio da América do Norte, de onde importa autopeças
produzidas em escala gigantesca e, portanto, a preços menores. O país
também acertou acordos com a União Europeia e o Japão, além do
Brasil/Mercosul. Não à toa, a Audi confirmou antes sua fábrica mexicana
para 2016. De lá poderá exportar, sem impostos, para três grandes blocos
econômicos. Novo Golf é o segundo modelo da arquitetura MQB (sigla em
alemão para Matriz Transversal Modular). A partir dela, o grupo
Volkswagen vai desenvolver nada menos de 40 produtos, de compactos a
médios-grandes e SUVs, de cinco marcas diferentes. O Brasil está na rota
da MQB, que mostra flexibilidade de adaptação a linhas de montagem
convencionais, segundo Ulrich Hackenberg, vice-presidente do grupo. Ele
declinou de comentar quando e quais modelos, mas admitiu que, se o
mercado continuar em crescimento e alcançar custos competitivos, o Golf
também poderá ser feito aqui. DACIA DEU EXEMPLO Abre-se, entretanto, uma
janela para fabricação de compactos de entrada, em que o país mostra
ainda ser razoavelmente competitivo. Até pouco tempo, os grandes grupos
automotivos tinham margens de ganho bem pequenas em carros desse tipo e,
assim, pouco interesse em desenvolvê-los. Mas a Renault começou a mudar
esse cenário ao lançar o Dacia Logan, de sua subsidiária da Romênia, em
2004. Atualmente, são seis derivações que utilizam uma arquitetura
antiga e já amortizada, da própria Renault, voltada a oferecer bastante
espaço a preço baixo. Real alternativa para quem só podia adquirir
carros usados. Não tardou a marca se expandir. Vendeu-se quase um milhão
de unidades, em 2012, em 36 países, dois terços das quais com logotipo
francês. A lucratividade está em torno de 9% por unidade, estimada pelo
banco Morgan Stanley, muito acima das minguadas margens nos combalidos
mercados maduros, em especial Europa. Claro, outros fabricantes estão de
olho. Primeira a anunciar um projeto de baixo custo foi a Nissan. Fará
renascer a marca Datsun e utilizará plataforma Lada, marca russa que já
esteve no Brasil, e hoje na aliança Renault-Nissan. Pretende produzir um
carro por apenas 3.000 euros (cerca de R$ 8.000), fora impostos,
vendê-los em mercados como Índia, Rússia e Indonésia e ainda ganhar
dinheiro. Agora, Volkswagen e Fiat anunciaram, quase ao mesmo tempo,
estudos para esse promissor filão, igualmente com marcas novas. Ambas
precisam ver que arquiteturas poderiam lançar mão e em que países a
produção seria viável. Nada se sabe, ainda, sobre chances no Brasil,
mesmo porque até o momento carros rústicos são pouco atraentes aqui. Mas
oportunidades de exportação poderiam surgir e viabilizar a produção.